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domingo, 3 de outubro de 2010

Libra, a entrada no equilíbrio

Martín Dieser


A primeira ideia que vem à mente quando pensamos em Libra é o equilíbrio. Em uma etapa definida do Caminho, o equilíbrio diz respeito à estabilização do eu na esfera mental, a fim de não flutuar tanto emocionalmente e ser capaz de tomar uma decisão correta. É interessante apontar que uma decisão, como bem disse antes Ricardo Georgini em nosso blog, procede da liberdade e, esta, do contato interno.
Esse contacto interno é cultivado durante o período regido por Virgem, e se revela como estabilidade durante Libra, como resultado de um processo subjetivo muito enlaçado com o silêncio. É que o silêncio é o pai dessa luz que garante a liberdade, e Libra tem muito a ver com sua construção e com a transmissão da luz.
O silêncio denota inatividade, um intervalo de transição e inclusive de passividade, da perspectiva do eu inferior. Mas visto de outro ângulo, o silêncio é a base vivente que demonstra com sua presença a existência de um processo interno latente, que necessita da estabilidade para se desenvolver.
O silêncio pode ser entendido como um efeito, um estado de supremo equilíbrio, de dinâmico recolhimento e de percepção do que se encontra mais além da mente. Por esta razão Libra é um signo muitas vezes associado ao plano búdico ou intuitivo; sua energia leva às portas do plano etérico cósmico, de onde se filtram fragmentos da Vida Una e se conhece a unidade em que se fundamenta o manifestado.
Em nível hierárquico, Libra é regido por Saturno, o planeta do carma, que também se encontra em exaltação ali, reforçando seu poder. O Sol, por sua vez, está em queda. Aqui temos algumas reflexões interessantes para fazer: antes de tudo, podemos considerar o carma que nos rege como a atração da Terra em relação às vidas que formam nossos distintos corpos, cuja “queda” nos arrasta  (fruto de nossa identificação com o Sol, ou eu) e gera sofrimento.
Se examinamos o exposto acima em nível de consciência, veremos que o equilíbrio dinâmico que emana do coração se “corta” quando a mente emerge, o que nos submerge em planos inferiores de percepção; perde-se a unidade intrínseca até que eventualmente seja novamente encontrada, e essa busca da entrada na corrente de vida se torna um desafio permanente em uma etapa do Caminho.
Em troca, a consciência fragmentada é por natureza separatista e gera a percepção e a interação com “o outro”, tão próprias do signo e de sua influência geral. Saturno opera como o grande cristalizador que castiga nosso pouco contato interno. Uma forma de buscar a união perdida é, nos três mundos, o sexo, e é por isso que na Astrologia Esotérica é regido por Libra e não por Escorpião, que é a sua versão astral e um reflexo da queda anterior. A busca do equilíbrio na matéria procura compensar o que não ocorre tão intensamente do plano interno.
Visto de outro ângulo, é possível fazer maior reflexão sobre o processo de queda, e entendê-lo não somente como a aplicação da “gravidade” ou atração terrestre, mas como a ausência de energia solar, base oculta de todo carma humano. O sofrimentos nos leva a pôr em equilíbrio e a transmitir a luz que iluminará o nosso caminho futuro; daí também que o progresso seja aparente na matéria, já que se avança para depois retroceder, mas, em troca, há uma grande ampliação da expressão espiritual. A chave passaria a estar, então, não na luta, mas em “esgotar a taça” e se situar dentro do ponto dinâmico de equilíbrio solar, onde por direito próprio se supera a atração terrestre e oportunamente a dobra com a pura força do espírito.
É por isso mesmo que a vitória a se alcançar sobre a personalidade em Escorpião está  pré-condicionada pelo que se faça em Libra, pelo grau de compromisso interno que se tenha desenvolvido e as porções de silêncio que tenhamos conquistado com o coração. Essa mesma condição explica porque o êxito do trabalho da alma e do serviço do eu depende do acionar subjetivo e não do objetivo, que é o efeito.
Explorando um pouco mais essa dimensão do ser, é interessante observar que somente se alcança o equilíbrio quando nos abrimos a ele, em que pese as consequências, com a virginidade conhecida em Virgem, o frescor emanante da mente ante o vazio eletricamente imbuído. Este estado de incerteza equipara a nossa percepção material com a dinâmica do espírito, e nesse ponto médio permanecemos por um fugaz instante até volver a sofrer a “lei”.
O período regido por Libra é propício, então, para o cultivo do equilíbrio interior, algo que desde a personalidade pode ser visto como passividade, e somente em um sentido sutil pode ser aproveitado ativamente. Uma etapa para ir saindo das profundezas da matéria e estabelecer um ponto de tensão no espaço de onde as energias da alma possam se manifestar em todo seu poder, com um desgaste mínimo de forças. E, desse modo, dar cumprimento aos processos cármicos em curso, já conhecendo seu final como geradores de equilíbrio.
Mas esse luminoso ponto de tensão oportunamente vai se esgotando e se revelando insuficiente. É o momento para aquele que, tendo subido por méritos próprios acima da forma e “estendido o olhar ante o vasto espaço”, surge entre o meio do equilíbrio e se chama ao silêncio, afasta a luz e se descobre como o Uno. Para isso Libra também oferece um caminho muito interessante durante este mês, para quem quiser (e puder) percorrê-lo.
É importante recordar que o lema corrente do signo é “que se faça uma escolha”, mas que como discípulos devemos já ter escolhido se aceleraremos a evolução e o carma, e assim resta simplesmente seguir “o caminho que conduz entre duas linhas de força” e consolidar a consciência no plano onde estejamos chamados a consolidar o equilíbrio. Sejamos o exemplo, para que a humanidade possa, neste período, dar um passo mais na direção deste ponto central.

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